O Alto Trono
Lorde Andamath Uthlain, o sexto Lorde
Uthlain de Uthmere [1],
é um homem pensativo. Sua fala é
precisa e geralmente calma, mas sua voz é
ríspida e seus olhos negros brilham quando
ele (raramente) se permite mostrar furioso.
Os servos dizem que ele deve ser mais temido
quando sua voz desce ao tom de um murmúrio
suave.
Lorde Uthlain é um homem comum de 1,75
m. De constituição esguia. Seu
cabelo formoso está embranquecendo, e
ele está com uma eterna aparência
de preocupação, enquanto vê
seu vigor (e o tempo que lhe resta para realizar
seus sonhos de fazer de Uthmere um grande centro
comercial) se esvaindo.
Isto é mais do que a maioria do povo
uth sabe sobre “Aquele Que Senta No Trono”.
A maioria o considera um homem amável,
justo, mas fora de sintonia com a cidade (e
por isto, correndo o risco de fazer julgamentos
inapropriados na corte diária, e mesmo
de cometer um grande erro no comando dos assuntos
internos, diplomacia e futuro de Uthmere). “Ele
senta lá em seu luxo, atrás dos
seus muros, e não sabe nada da nossa
luta diária” é o sentimento
comum – mas o povo o saúda com
alegria quando o vê, e qualquer um que
consegue falar com ele, ou – pelos deuses!
– tocá-lo, irá contar e
recontar a história deste encontro até
o dia de ir para seu túmulo.[2]
Em resumo, o povo reclama da forma com que é
governado, mas mesmo quando o Lorde Uthlain
realiza julgamentos ou proclama decretos impopulares
(leis), seus cidadãos o apoiam. Eles
o vêem como alguém que tenta ser
justo e imparcial -- e não confiam em
outra alternativa, por mais entusiasticamente
que seja descrita.
Lorde Uthlain retornou a Uthmere para tornar-se
o lorde quando a saúde de seu pai Ruriphraunce
arruinou-se, décadas atrás. Ele
deixou Lyrabar para trás com algum alívio,
já havia atraído muita rejeição
se casando por amor (e ouro sembiano) ao invés
de fazê-lo com uma dama suficientemente
bem nascida de Impiltur.
Raethra Skurndown ainda é a beldade alta,
esguia e morena que era, muda devido a sofrimentos
na infância mas possuindo desejos intensos,
agilidade, uma natureza passional e uma vasta
fortuna como herança (provenientes do
comércio de têxteis). Andamath
Uthlain a protege pois a considera como o que
há de mais precioso em todo o mundo.
A maioria do povo uth nunca viu Lady Uthlain,
já que ela se contenta em permanecer
reclusa nos apartamentos reais.[3]
Os Uthlains têm duas filhas [4]
mas nenhum filho – apesar de Andamath
continuar tentando ter um, em um desespero constante;
é uma questão de grande importância
para ele que o domínio de Uthmere passe
dele para um filho.
Os nomes dos Sete Gigantes são conhecidos
apenas por eles mesmos e pelo Lorde Uthlain,
a quem pessoalmente servem. O temor dos gigantes
impedem os Mestres das Sombras de moverem-se
abertamente na direção de assumir
o controle da cidade.[5]
Entretanto, eles raramente tomam parte do policiamento
diário. Os chifres os chamam para lidar
com tumultos, barricadas, carroças em
chamas, ataques aos portões e embarcações
tentando entrar ou deixar desapercebidas o porto.
Os Braços Vigilantes da Justiça
do Lorde, mais conhecidos como os Porretes por
conta de sua arma principal,[6]
são encarregados de manter a lei e a
ordem na cidade, treinando as milícias
e “mantendo os muros seguros”. Em
sua prática diária, seu último
dever é manter indesejáveis (e
exércitos invasores; sendo que o lorde
é especialmente temeroso sobre a possibilidade
dos Mestres das Sombras esconder um exército
dentro da cidade, armando um homem por vez)
longe dos portões.[7]
A força exata dos Porretes em um determinado
período é um “Segredo do
Lorde”, uma lista sobre a escala e a força
da milícia (apesar dos Mestres das Sombras
terem se infiltrado nela e conhecer seus arsenais
e armamentos). Ambos são modestos; em
uma guerra real, o Lorde Uthlain pode ter que
contratar magos e capitães mercenários
(principalmente de Impiltur) com os quais cuidadosamente
construiu relacionamentos profissionais através
dos anos, e confiar nos Sete Gigantes e na competência
serena e lealdade inabalável de Enda
Quellinghunter, a Capitã dos Porretes.
Esta destemida genasi do fogo espadachim não
é apenas uma comandante de multidões
em batalha, mas construiu centenas de amigas
entre as mulheres da cidade e tem o esforço
extra de aprender sobre as famílias,
feudos, afazeres e interesses do povo uth, para
assim estar apta a compelir o povo sem treinamento
ao trabalho na milícia e, mais importante,
continuamente conhecer o que os Mestres das
Sombras estão planejando e estar pronta
para frustrá-los. [8]
Quase duas centenas de cortesãos (os
lordelainos) transformam em atos a vontade do
lorde, registrando seus decretos, continuamente
os avaliando e os refinando-os à luz
das regras da corte, [9]
e supervisionando as centenas de pequenos detalhes
(e contratos da cidade) envolvendo a coleta
de taxas e impostos, supervisionando reparos
e manutenção da cidade, e encorajando
o comércio uth (pelo câmbio, a
taxas mais baixas e justas do que as oferecidas
pelos Mestres das Sombras, e abrigando comerciantes
distantes às expensas do lorde).[10]
Notas de Rodapé
1. A contagem
dos lordes governantes antes dos Uthlains é
pouco clara, mas deve ter havido cerca de uma
dúzia. Os últimos três Uthlains,
de pai para filho, foram Heldelmer [governou
entre 1319-1336 CV], Srion [governou entre 1336-1347
CV], e Ruriphraunce [governou entre 1347-1361
CV].
2. Lorde anseia
por ser amado mas é astuto o suficiente
para saber que não agradará a
todos. Ele irá buscar por conhecimentos
que possam fazer a vida dos uthmaares melhor
e mais fácil, antes que morra. Ele tornou-se
um habitual conhecedor do Círculo de
Leth, onde estão seus adversários,
dedicados a impedir a expansão de Uthmere
em direção do Grande Vale –
mas ele sabe que os Mestres das Sombras são
os seus verdadeiros adversários, e de
longe, os mais mortais. Se ele ao menos soubesse
uma maneira de atingi-los e expulsá-los
do país. Talvez pudesse contratar ou
manipular vários grupos de aventureiros
para lutar contra eles...
3. Onde Raethra
Uthlain (uma humana NB Ari6/Gue3) gasta seu
tempo lendo, costurando, e ouvindo os lordelainos
e sábios – quando ela não
está levando seu lorde para a cama, ou
praticando com a espada longa ou besta de mão.
Ela sabe mais sobre os eventos que se seguem
em Faerûn do que muitos cortesãos
e é a conselheira mais confiável
– e a melhor – de seu marido.
4. Rurelda
(14 verões, a imagem de sua mãe,
e de uma agitação infernal) e
Athlarune (11 verões, solene, sincera,
e loira, não possui senso de humor e
sua força de vontade é mais aguçada
do que a de qualquer um em Uthmere). Elas saem
dos muros do palácio uma vez ou duas
por ano, e nunca sem supervisão –
e esta situação está construindo
uma tendência a rebeldia em Rurelda.
5. O
impaciente predecessor do Mestre Tintel, Eeiritar
Skelvel, tentou fazê-lo – e dois
dos Gigantes de Pedra o esmagaram e transformaram
três de seus “lâminas negras”
em uma massa de sangue, além de derrubarem
o edifício que os Mestres das Sombras
estavam usando como fortaleza. Esta lição
permanece vívida nas mentes de todos
os Mestres das Sombras veteranos em Uthmere.
6. Todos
os Porretes não carregam apenas porretes,
mas facas “no cinto e na bota”,
e uma algibeira com longas tiras de couro para
amarrar (elas cospem sobre elas para umedecê-las
e apertá-las, quando imobilizam algum
prisioneiro problemático). Eles também
possuem lanças, espadas curtas, arcos
curtos, e bestas e algum problema de verdade
for esperado. Alguns oficiais carregam “correntes
giratórias”: correntes longas com
um peso em cada ponta, a qual giram sobre as
cabeças para liberar espaço quando
necessário ( ameaça como se fosse
uma adaga-chicote, detalhada no livro Arms and
Equipment Guide).
7. Não
existe barreira na embocadura do porto, mas
onde o Córrego do Vale entra em Uthmere,
existe o “Portão do Córrego”.
Como outros portões da cidade (Portão
Norte, o Portão do Vale e o Portão
Sul), este é fechado do anoitecer até
as brumas da madrugada desaparecerem após
a alvorada. O Portão do Córrego
é na verdade uma série de correntes
pesadas das quais partem uma “cortina”
de correntes com cravos colocadas verticalmente,
barrando a passagem de tudo, exceto peixes e
enguias, que ficam no fundo lodoso do rio pelo
dia (quando o povo uth coleta mariscos e camarões
de água doce), e que são baixadas
de torres que existem de cada lado toda a tarde,
para servir de barreira. Se um ataque for esperado,
feitiços perigosos são geralmente
lançados sobre as correntes, para castigar
aqueles que a perturbarem.
Por todos os portões da cidade (incluindo
o Portão do Córrego), quartéis
dos Porretes (com celas abaixo e arsenais na
parte superior) são localizados nas laterais
das torres dos muros.
8. Eles
adorariam matá-la, mas o lorde deixou
claro que se alguém feri-la ou a alguém
de sua família, os Sete Gigantes e todo
o mago que puder ser contratado, de Águas
Profundas à Calimporto, serão
mandados para erradicar os responsáveis
– e eles sabem que ele não está
blefando.
9. Diariamente
(a abertura ao público) uma corte de
justiça é realizada no palácio,
com o lorde ou seu lordelaino senior presidindo
(e um dos Sete, uma forte guarda dos Porretes,
e geralmente um mago contratado disfarçado).
Muitas sentenças envolvem multas (além
de aprisionamento e exílio somente para
assassinatos, estupros, mutilações,
traição, incêndios criminosos
e “uso malicioso de magia”). As
manhãs são para os casos “chamados”
(acontecidos ou perpetuados nos dias anteriores),
e as tardes para as disputas acontecidas durante
o dia.
O lordelaino senior é o Oficial de Justiça
da Cidade, o afetadamente preciso, de olhos
frios, barbas negras, aparentemente sem humor
e arrogante chamado Thaulmer Truce (humano LN
Esp10).
Taxas são cobradas por propriedade de
imóveis (5 po anualmente), de navios
(10 po anualmente), de animais de passeio ou
de carga (1 po anualmente), e de entradas no
porto (2 po cada), variando coletas de pp por
uma variedade de licenças menores para
negócios – e uma taxa fixa de 1
pc para cada transação acima de
1 pp ou mais conduzida em Uthmere.
10.
Uthmere aceita toda a cunhagem feita em “metal
verdadeiro” (aplique os valores padrões
do Livro do Jogador). O palácio é
a única fonte legal de câmbio,
e oferece uma troca justa por gemas e certas
moedas únicas e notas promissórias
de outras cidades do Mar Interno. Comerciantes
estrangeiros sempre resmungam que o que recebem,
e a taxa oferecida, parecem variar de acordo
com o lordelaino atrás do balcão.
Nosso último artigo sobre Uthmere
explorará o lado sombrio da vida na cidade.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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